Navegar nas águas traiçoeiras de não gostar de um personagem não é tarefa fácil. Há momentos em que essa antipatia vem de um lugar irracional ou mesmo de preconceitos internos, mas outras vezes não gostar de um personagem vem de não termos muitos motivos para isso. Hora do show Jaquetas amarelas a primeira temporada nos apresentou muitos personagens desagradáveis, e não há nada de errado em admitir isso. Assim como tantos personagens masculinos ao longo dos anos, as mulheres deveriam ter a chance de serem complexas e, sim, até desagradáveis, ao mesmo tempo que continuam sendo as protagonistas da história e das pessoas pelas quais torcemos.
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Mas o contraste com a complexidade da maioria dos personagens da série é exatamente o motivo pelo qual considero a filha monótona de Shauna (Melanie Lynskey), Callie (Sarah Desjardins), tão agressivamente desagradável na primeira temporada. adolescente branca ingrata que é consistentemente antagônica a Shauna - normalmente sem um bom motivo - fazendo com que muitas pessoas não gostem dela e a considerem irritante. Foi só na segunda temporada (que ainda está no ar) que me vi vendo a personagem de Callie de uma forma um pouco diferente. Callie não é mais um mero contraponto aos planos e desejos de Shauna na vida. Ela agora é uma personagem com uma história própria que está ligada e um tanto independente de Shauna.
Na 2ª temporada, o assassinato não planejado de Adam (Peter Gadiot) ainda está causando problemas para Shauna, Jeff (Warren Kole) e Callie, e em vez de permanecer na perspectiva de Shauna sobre as consequências, agora estamos obtendo mais do ponto de vista de Callie. Descobrir que sua mãe matou uma pessoa inocente, além de trair seu pai, por quem ela parece ter mais carinho, não é fácil para Callie processar - pelo menos não inicialmente. As reações que Callie tem em relação a Shauna (não importa o quão alto ou baixo), à luz de tudo isso, estão me ajudando a apreciar sua personagem de uma forma que eu não esperava.
Meninas adolescentes nem sempre são escritas de uma forma que pareça autêntica, e isso é algo de que sempre não gostei. Nem todos os adolescentes têm os mesmos problemas (levando em conta as identidades marginalizadas e a vida doméstica, etc.), e às vezes as adolescentes são consideradas irritantes e sem substância. Mas Jaquetas amarelas não é um programa típico com meninas adolescentes. As adolescentes não foram escritas para serem personagens insípidas e superficiais que só se preocupam com namoro e compras. Callie pode não ser uma Jaqueta Amarela que se envolveu com o canibalismo para sobreviver na selva, mas ela é tão complexa quanto os Jaquetas Amarelas adolescentes que vemos nos flashbacks dos anos 90.
No momento em que Callie encontra a identidade parcialmente queimada de Adam, tudo desmorona e desmorona para ela naquele momento. Sua personagem deixa de ser uma pirralha sem motivo e passa a agir por motivos compreensíveis. Estou adorando a maneira como ela está assumindo o controle de sua vida, sendo calculada como sua mãe, mostrando o quão inteligente ela é (em suas tentativas de enganar o policial disfarçado Matt) e sua recusa em ignorar o que está acontecendo em casa. Ela ainda pode ter seus momentos irritantes, mas aos meus olhos, ela não é mais uma personagem que eu queira descartar.
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A 2ª temporada ainda não desacelerou realmente, e a personagem de Callie certamente terá um momento de catarse envolvendo a situação de Matt. Se ela envolve ou não a mãe no confronto é algo que deve ser visto. Claro, se Callie o chamar de assustador, bem como repreendê-lo, com certeza amarei a personagem dela para sempre. Vou me juntar oficialmente ao Callie Club e defendê-la da melhor maneira que puder.
(imagem em destaque: Showtime)